Published on Friday, November 29, 2013 by Campaign for America’s Future Blog
O dia de Ação de Graças da direção de Walmart, por Charles Dickens
por Richard Eskow
Tradução: Tarcisio Praciano-Pereira
“Será um dia enérgico” para os empregados. Foi como se expressou um executivo de Walmart descrevendo O dia de Ação de Graças quando a empresa anunciou que neste ano o “Black Friday” iria começar na quinta-feira à noite, deixando muitos de seus trabalhadores (conhecidos como “associados”) incapazes de passar o feriado com a família ou amigos.
Salários e política de emprego para Walmart podem literalmente ser descritas como “Dickensianas”. O que, nos perguntamos é se o autor vitoriano imaginou que a coisa pudesse chegar a este ponto?
Era a noite de Ação de Graças. A cúpula do Walmart tinha se reunido na sala do executiva para uma última celebração antes de ir para casa com suas famílias. Em meio ao barulho das risadas e conversas, ninguém notou a figura magra e esquelética que se encontrava à porta.
“Sou um associado de Walmart ”, a figura finalmente falou: “e eu lhes imploro o perdão pela minha intromissão”.
Os foliões olharam com espanto. “Ação de Graças feliz para todos vocês!”, acrescentou o sombrio associado. (Nota do tradutor: são conhecidos como “associados” os empregados de Walmart).
“Feliz Ação de Graças? Feliz Ação de Graças?” foi a pergunta que ecoou como resposta de dentro da sala de reuniões. “Que direito você tem de ser feliz? Por que você iria ser ser feliz? Você é pobre”.
O pedido do estranho.
“Por que você ainda está aqui?” perguntaram à figura sombria.
“Eu vim para pedir melhores salários e condições de trabalho,” veiu em resposta o estranho. O choque do silêncio foi finalmente quebrado pelo Presidente do Conselho, um tal de Sr. Rob Walton.
“Será que não existem vale-refeição?” perguntou Walton.
A figura ficou em silêncio.
“E os subsídios de habitação para os pobres?” perguntou novamente o mesmo Sr. Rob Walton. “Ainda funcionam estes subsídios?”
A silhueta assentiu sua cabeça.
“A assistência médica, Medicaid, ainda está em pleno vigor?”
“Sim, senhor.”
“Oh! Eu estava com medo, pelo que que você disse no início, de que algo hovesse ocorrido para impedir que estes programas do governo tivessem encerrado o seu curso,” disse o presidente. “Estou muito feliz em ouvir isso.”
“Também estou contente que os contribuintes continuem a arcar com o custo dos nossos salários miseráveis,” acrescenou o dirigente da empresa.
Uma lição de gratidão.
“Eu estava esperando que vocês se comportariam de maneira mais inteligente e gentil neste momento de feriado,” acrescentou a figura. “Vocês, senhores e senhoras, dirigem a maior empresa do país, a que emprega mais de dois milhões de seres humanos. O seu comportamento molda todo o mercado de trabalho, para o bem ou para o mal — “
“Ele irá permanecer mal!” disse um dos membros do Conselho de Administração para o satisfação de todos ao redor.
“Temos o orgulho de ser a empresa que pior paga na America!” falou outro membro do conselho.
A figura permaneceu silenciosa.
“E nós fizemos alguma coisa para os nossos funcionários. Planejamos uma coleta de alimentos para vocês, de modo que nossos clientes poderiam exercitar-se na prática da caridade, dando-nos os nossos devidos lucros!”
“E, afinal, que é Ação de Graças?” ruminou um outro executivo. “Um tempo para ser grato por tudo o que esta terra tem dado — “
” —para nós!” acrescentou outro executrivo para a alegria generalizada.
“Você entende, Associate?” disse o primeiro executivo. “Estaremos amanhã cheios de agradecimentos. Mas você, como não tem nada a agradecer, você não tem nenhuma razão para passar o feriado com sua família.”
A farsa da corporação .
“Sabe o que eu disse para um reporter?” disse um executivo que parecia mesmo mais como um vendedor. “/eu disse que ‘Os associados Walmart está realmente excitados com a ideia de trabalhar neste dia.’ Eu realmente lhe disse isto.”
“Boa ideia!” acrescentou outro dentre os executivos.
“Melhor! Eu até disse ao repórter que os funcionários poderiam decidir-se por si próprios sobre trabalhar ou não no feriado. Mas eu não lhes disse que manipulamos os horários de modo que eles ficassem lesados caso não trabalhassem neste feriado, ou melhor, que nós embaralhamos os seus horários de trabalho de formas que eles ganhassem menos se não viessem trabalhar.
“E até mesmo eu disse”, acrescentou o executivo, “que os funcionários que trabalharem no dia de Ação de Graças vão ter 25 por cento a menos em qualquer item que vende”.
“Como se nossos funcionários pudessem receber alguma coisa de valor!”
“Você que está aí do lado de fora!” uma voz clamou imperiosamente. “Associado! Você vai comprar alguma coisa cara, com o seu desconto? Talvez uma televisão flat screen?”
“Comida, senhor,” a figura respondeu. “e mal dá para isto.”
“Bem,” veio a resposta, “você deve mesmo se habituar a ser economico”.
“Economizar?” a figura disse soturnamente. “Vocês acreditam em ‘valores familiares’?” Os executivos reunidos concordaram que que ‘sim’.
“Venha ver, boa gente. Venha ver como as famílias dos seus associados devem passar o feriado!”
A presença do fantasma do dia de Ação de Graças.
A sala de reuniões subitamente mergulho em trevas. Os executivos e membros do Conselho encontraram-se de repente com a visão duma cozinha-sala de jantar-sala de entrada. Ventos cortantes duma tempestade de neve típica de Chicago se infiltrou pelo isolamento desgastado em volta da única janela do apartamento.
“Mamãe e papai vai chegar em casa mais tarde,” disse a vovó para a criança chorando, “quando ternubar o último turno.”
“Mais de sete milhões de crianças americanas vivem em lares de salário mínimo”, falou a figura para os executivos. “Isto dá uma criança americana em cada dez”.
“Estou preocupada com a saúde deles,” falou a velha dama para ela mesma. A figura virou-se para as pessoas na sala de reuniões.
“Trabalhadores na faixa de salário mínimo convivem com nível grande de stress,” disse o Associado, “especialmente quando eles são também os pais de crianças pequenas.”
Uma criança mais velha, agora uma menina, entrou no quarto. “Onde está o peru?” ela perguntou. Seu rosto esperimentou toda a tristeza espelhada nos olhos da velha. “Sem peru, novamente, este ano,” falouo rolando os olhos. “Será que teremos pelo menos o suficiente para comer hoje à noite?”
“Espero que sim,” falou a velha dama, “se tivermos cuidados.”
A figura virou-se para a assembléia abafado na sala de reuniões. “Um banco de alimentos aqui em Chicago descobriu que 61 por cento de trabalhadores pobres passam por insegurança alimentar aqui em Chicago ,” disse o Associado, “e esta é a estatística comum em todo o país.”
Todos ao redor da grande mesa de carvalho, os executivos, penduraram suas cabeças.
Terminando a história.
“Então,” falou a sombra de Associado, “seerá que posso contar com todos vocês para ter uma mudança de atitude, nos pagar um salário digno, e nos devolver nossas férias com nossas famílias?”
Houve um momento de silêncio na sala de reuniões às escuras. Em seguida, uma voz ecoou — poderia ter sido o vendedor, ou o presidente — a resposta veio em som potente.
“Não,” ele disse.
“Não penso que possamos,” uma outra voz acrescentou.
“Para com tentar nos deixar por baixo”, disse alguem. “Temos festas para onde devemos ir agora.”
A figura balançou sua cabeça em descrença. “Vocês deveriam entristeceren-se,” ela disse, “e ter uma mudança de atitudes.”
“De forma alguma,” disseram que os executivos e membros do Conselho.
“Mas deu certo com Scrooge.”
“Scrooge!” faloou tossindo o presidente. ”Nosso direcionamento em muito mais para o fundo do que esse molenga velho sentimental. E ele tem o mau hábito de olhar para seus funcionários nos olhos. Nós não … não como uma forma de hábito.”
“Bem, se todo esse sofrimento humano não os deixa entristecidos,” disse a figura na porta de saída, “tralvez isto o faça.” A figura em silhueta saltou para uma postura de comandante.
“Os trabalhadores de Walmart e aqueles que os apoiam estarão fazendo demonstrações em todas as lojas de Walmart na Sexta-feira Negra. Passaremos a tomar o nosso destino em nossas próprias mãos, como já o fizeram gerações de trabalhadores antes de nós.”
Um suspiro se ouviu na sala de reuniões ao tempo em que a figura desapareceu na noite de novembro, suas palavras finais permaneceram no ar frente a uma diretoria paralisada:
“Procure por nós nas manifestações de sexta-feira. Vai ser um dia de energia muito alta para todos nós.”
(Para mais informações sobre os trabalhadores Walmart, consulte OURWalmart.org. Clique aqui na busca de uma demonstração perto de onde você mora.)
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Richard (RJ) Eskow é um blogueiro conhecido e escritor, um ex-executivo de Wall Street, um consultor experiente, e um ex-músico. Tem experiência na área de seguros de saúde e economia, saúde ocupacional, benefícios, gestão de riscos, finanças e tecnologia da informação. Richard tem experiência de consultoria em os EUA e mais de 20 países. O tradutor, Tarcisio Praciano-Pereira, é um ciclista, professor universitário. blogueiro, grevista juramentado, matemático, com larga experiência de manifestações em diversos países, agora em franco apoio à greve dos professores universitários do Ceará em sua luta contra outros tipos de escroque.